Para reforçar a importância dos cuidados com os problemas que atingem o lado psicológico e emocional, o Grupo Açotubo está criando um programa para trabalhar temas relacionados à Saúde Mental ao longo de 2022.
Assim, como a campanha de conscientização Janeiro Branco, a iniciativa visa abordar com os colaboradores assuntos como depressão, burnout, ansiedade e luto e será conduzida por profissionais da área de saúde.
O programa dá sequência a um projeto piloto criado em 2021 pela empresa, em parceria com a Consultoria Nova Visão, e contou com quatro encontros quinzenais.
Sobre a novidade, confira a entrevista com a Business Partner de RH da Açotubo, Larissa Bassi, e a Psicóloga da Nova Visão, Renata Amorim.
1.Saúde Mental é um tema bastante discutido, principalmente neste mês, mas a Açotubo irá trabalhar o assunto com os colaboradores ao longo do ano. O que é o projeto e como ele surgiu?
Larissa: O projeto surgiu de vários fatores envolvidos: o atual cenário que vivemos com a pandemia, as mudanças no trabalho e também a importância de entender o momento do colaborador. O Dr. Orlando Leoncio Junior, também participante do projeto e Médico de Trabalho da empresa, por exemplo, relatou que um colaborador por tensão e stress travou no meio da planta. Acharam que ele estava tendo algum mal-estar. Ele destravou quando o médico foi conversar para entender se estava tudo bem com ele, com a família e na casa dele. Enfim, percebemos o quanto os problemas que envolvem a saúde mental, como a ansiedade, a depressão e outros impactam no dia a dia. E se não estamos bem, não conseguimos ter uma rotina saudável, trabalhar direito, atender o cliente bem. Acabamos transferindo nossas emoções e sensações para as atividades. É inevitável. Acredito que esse foi o nosso principal motivador, como que as questões emocionais estão, definitivamente, ligadas à qualidade de vida, ao bem-estar, ao bom desempenho das funções e ao bom clima organizacional. Então, demos início ao projeto no ano passado. Foi um projeto piloto.
2.Como foi a implementação do projeto piloto? Houve grande interesse dos colaboradores em participar?
Renata: Começamos a falar do projeto por volta de julho do ano passado. A princípio, trouxemos um caráter informativo, por meio de parceria com uma universidade privada de São Paulo, e disponibilizamos palestras on-line aproveitando que muitos colaboradores, com exceção da produção, estavam em trabalho remoto.
Conforme o programa foi evoluindo e acontecendo fatos, como esse que a Larissa citou, além dos atendimentos ambulatoriais envolvendo crises de ansiedade, respirações ofegantes, percebemos a necessidade de desenvolver uma iniciativa mais próxima do colaborador, que não fosse necessariamente uma terapia e que, ao mesmo tempo, não ficasse só na questão da informação. Tudo, claro, dentro dos limites corporativos. Fizemos, então, uma aproximação com o Plano de Saúde e com o Espaço Saúde de Guarulhos para ter uma retaguarda, caso o dr. Orlando identificasse alguém que precisasse de atendimento psiquiátrico ou psicoterapia mais direcionada.
Sobre a implementação, inicialmente, realizamos uma pesquisa por meio de questionários com os colaboradores e obtivemos mais de 300 participações. As respostas foram fundamentais para a definição dos temas e do formato roda de conversa, por ser uma proposta mais livre. A partir delas, criamos um espaço, para que as pessoas possam conhecer outras e ouvir sobre os temas. Desenvolvemos também alguns protocolos como o sigilo com relação às pessoas envolvidas e realização dos encontros a cada 15 dias.
Com a grande adesão, depois de algumas sessões presenciais, mesclamos com on-line e foi fantástico. Tinham pessoas que estavam ali para buscar informações para si, outras para conhecer sobre o assunto e ajudar conhecidos.
3.No projeto piloto, como funcionaram as Rodas de conversa?
Larissa: As sessões realizadas começavam com uma introdução da psicóloga que está nos assessorando e do Dr. Orlando apresentando o tema de uma maneira rápida. Em seguida, o espaço era aberto para que os participantes dessem os seus depoimentos conforme sentissem segurança e vontade de falar, porque é uma ação mais de acolhimento. Conforme o depoimento, a psicóloga e o médico, na posição de já conhecerem o nosso time, faziam algumas interferências, davam conselhos. Eles iam acolhendo o colaborador mesmo.
Renata: Antes de começarmos as rodas, foi aplicado o DASS-21, um questionário de uso público que propõe uma autoavaliação sobre tópicos como ansiedade, depressão, estresse. Esses números só ratificaram os atendimentos que o dr. Orlando tem feito e as demandas que chegavam no RH também. Então, chegamos nestes quatro grandes temas: depressão, ansiedade, burnout e luto. Como o projeto foi piloto, fizemos praticamente uma sessão de cada tema.
4.Como será o trabalho neste ano?
Renata: A ideia é retomarmos e aprofundarmos os quatro temas. Planejamos iniciar em fevereiro, fazendo por etapas até para a diretoria ir validando e aprovando e também para propormos mudanças conforme houver necessidade.
Larissa: O objetivo de repetir os temas é que o pessoal realmente queria mais, então, ficava com um tempo meio restrito para que todos os participantes falassem. No próximo semestre, vamos refazer o teste para ver se teremos que trazer novos temas. Enfim, evoluir o processo.
5.Quais mudanças já são possíveis de observar após a implantação da iniciativa?
Renata: Dentro do cronograma, temos previsto uma reunião com os líderes das áreas, em abril, para identificarmos, pontualmente, o que eles têm percebido de mudança nos participantes. Vamos propor também uma forma de avaliação para eles, incluindo no questionário algumas questões pontuais que tragam dados concretos, além da avaliação que o Dr. Orlando tem feito pelos atendimentos no ambulatório. Pretendemos também aplicar perguntas de autoavaliação com os colaboradores para identificar necessidades e melhora.
Larissa – A percepção interna, de um modo geral, é que estamos em um momento muito rico para cultura corporativa. Como empresa familiar, recentemente, tivemos a troca de gestão, fazendo a passagem da primeira geração para a segunda. Isso foi inédito em 47 anos de existência e vem proporcionando muitas novidades. Apesar da Açotubo ter uma característica assistencialista, não havia um programa cuidando de nosso pessoal de forma tão acolhedora como este. Vejo que o projeto de saúde mental veio como um pilar em meio a vários outros que estamos criando. Acho que 2022 será o ano em que o colaborador mais sentirá as mudanças.
6.Como será feita a divulgação das novas rodas de conversa para os colaboradores? Como eles poderão participar neste ano?
Renata: O RH tem um canal de comunicação interna para divulgação das datas e horários dos encontros em cada turno, temos também os grupos de comunicação com os colaboradores, nas redes e por e-mail. Disponibilizaremos o link para que os interessados se inscrevam, informando o número de participantes já registrados e a quantidade máxima por sessão. Serão enviados também lembretes para os participantes. As rodas ocorrerão em dois horários: 13h15 e 15h.
Larissa: Temos também um app, o ACOAPP, que é um aplicativo que cobre a maior parte das necessidades dos colaboradores, incluindo os comunicados. Então, além do whatsapp, tem o ACOAPP no celular pra usar, nas mãos.
7. Caso vocês tenham o número de participação acima do esperado, vocês pretendem abrir novas sessões?
Larissa: Nossa estratégia é trabalhar bastante com a liderança, porque ela é peça-chave no acompanhamento, na liberação e no incentivo à participação. Se percebermos aumento na demanda, existe a possibilidade de realizarmos as rodas semanalmente para atender novos grupos. Isto irá variar conforme a adesão mesmo.
8. Vocês mencionaram que os colaboradores, às vezes, participam dos encontros para entender como podem ajudar em casa. A importância desse trabalho, vai além dos colaboradores?
Renata: Vimos muito isso no tema luto. Alguns lidaram com isso diretamente, outros tentaram auxiliar conhecidos que enfrentaram perdas. Neste sentido, chamou bastante a atenção também o tema depressão. Às vezes, a gente olha e acha que está tudo bem com algum colaborador, mas não se sabe o que estão passando em casa, por exemplo. Vimos muita gente buscando informações para ajudar os seus familiares. Então, realmente, é um projeto que vai além dos muros.